segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Vilelismo

Como toda a gente sabe, uma das ideias principais da filosofia hiperbórea é a de que a transformação absoluta de todos os valores exige uma reconversão radical da forma de perceber o mundo, patente na definição de novas categorias mentais e de um quadro de valores sem paralelo nos do passado que sirva de base à compreensão nova. Quem me lê poderá dizer «toda a gente?, mas eu nunca ouvi falar disto!». Se foi o seu caso, informo-o, do alto da minha sapiência, que não é gente: é um não-vilélico. Integra-se numa espécie imensamente maioritária, vai ter muitos amigos, há-de certamente haver quem o julgue simpático e afável, mas se não fosse este blogue nunca podia sequer sonhar em ser uma pessoa. Leia tudo o que escrevo umas boas dez vezes, tome notas, recite na viagem para o emprego. Faça de mim o seu Deus e sobreviverá.
Por oposição ao não-vilélico está, evidentemente, o vilélico. Vilélico é tudo o que no mundo é belo, bom, salubre, doce, e sobretudo viril e grato ao género feminino. Vilélica é a forma dos elogios, é a técnica do olhar, é o comportamento sexual e sumamente tudo o que qualquer moçoila que vos passe pela cabeça - sim, Kate Moss inclusive - possa supor ser o que de mais estrondamente bestial existe na Terra. É pois sorte vossa que um homem como eu, profuso teórico da Filosofia Vilélica, se disponha a partilhar os segredos da mente fêmea. Faço-o não porque gosto dos homens, que, afinal, podiam ter pensado e chegado lá; nem porque gosto das mulheres, a menos, claro, que tenham uma relação de proporcionalidade inversa entre o álcool bebido e a roupa vestida; a minha única motivação é uma só: mostrar-vos o quanto consegue descobrir sobre o mundo uma mente brilhante que decide investigá-lo. Tratem de aprender comigo. Eu não duro sempre.

2 comentários:

  1. É estranha esta sua ultima afirmação meu caro, pois os Deuses duram para sempre. E nas entre-linhas das suas palavras encontrei, talvez erradamente, a tentativa ilusória de se auto-proclamar Deus. Faça o favor de ser coerente

    Cordeais Cookies para voçê.

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  2. Erro seu, Cookie. O que digo no texto é que os não-vilélicos devem encarar-me como um deus, não que o sou. No fundo, apelo a que façam o que podem: olhem para mim como para Ele, porque, de tão baixos que estão, nunca O poderiam verdadeiramente contemplar.

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